segunda-feira, 27 de julho de 2009

Programa Político-Pedagógico da Unidade 2009

Justificativa

As desigualdades de acesso à educação, permanência e trajetória escolar de alunos (as) negros (as) e brancos (as) quando comparadas, revelam sempre diferenciação em detrimento dos (as) negro (as).
Segundo os dados do PNAD/IBGE 2003, a taxa de analfabetismo dos (as) jovens negros (as), de 5,8%, é três vezes maior do que a observada para os jovens brancos (as) 1,9%. Em média, os jovens negros (as) têm dois anos a menos de estudo do que os (as) brancos (as) da mesma faixa etária: 7,5 anos e 9,4 anos, respectivamente. Estas desigualdades vão acirrando-se à medida que aumentam os níveis educacionais; somente 4,4% dos (as) negros (as) de 18 a 24 anos estão matriculados em instituições de ensino superior, entre os não-negros (as), esse percentual é cerca de quatro vezes maior, 16,6%. Considerando o caso dos chamados analfabetos funcionais, ou seja, adultos com menos de quatro anos de estudo, observa-se que 26,4% dos (as) brancos (as) se enquadram nessa categoria, contra 46,9% de negros (as). Os (as) jovens negros (as) encabeçam, também, a lista dos analfabetos e dos que abandonam precocemente os estudos e têm maior defasagem escolar.
Na realidade é como um processo de gestação, ao acordar e passar pelas ruas, becos, esquinas, ir ao ponto de ônibus pegar o ônibus cheio, caminhar e encontrar vários atores comunitários que muitas vezes estão no anonimato por falta de políticas públicas efetivas para o segmento citado a cima, ressalvando o recorte de gênero e orientação afetiva - sexual que também clamam por inclusão e paridade. Passamos então, a entender quais são as demandas de nosso público, levando em conta sua condição social, cultural e histórica.
Todos sabem que o debate em torno da inclusão digital não é fácil, tão pouco quando discutimos a questão de uma comunicação mais democratizada, onde a sociedade é fechada culturalmente. A experiência do Projeto de Pesquisa Casa Brasil é um marco histórico dentro do subúrbio ferroviário de Salvador lado a lado de crianças adolescentes, jovens e adultos negros (as) que tem dado certo e vamos continuar na incessável caminhada, a fim de provocar mudanças sociais.
Objetivo Geral
Subsidiar as ações da unidade, proporcionando um cenário de formação continuada para os bolsistas, usuários e comunidade local, para que se tornem multiplicadores dos conceitos de educação popular em redes.
Eixos Temáticos
Raça/Gênero e Orientação Afetiva – Sexual

É importante evidenciar que a mulher negra tem sido, ao longo de nossa história, a maior vítima da profunda desigualdade racial vigente em nossa sociedade. A negação cotidiana da condição de ser mulher negra, através do racismo e do sexismo que permeiam todos os campos de suas vidas, tem como resultado um sentimento de inferioridade, de incapacidade intelectual e a quase servidão vivenciados por muitas. A mulher negra está exposta à miséria, à pobreza, à violência, ao analfabetismo, à precariedade de atendimento nos serviços assistenciais, educacionais e de saúde. Trata-se de uma maioria sem acesso aos bens e serviços existentes em nossa sociedade e, em muito, exposta à violência. Entre as consequências extremas desta situação está o seu aniquilamento físico, político e social que chegam a atingir profundamente as novas gerações. A situação de máxima exclusão pode ser percebida quando aplicamos o recorte geracional e analisamos a inserção em diferentes campos: social, político e econômico.
O trabalho doméstico ainda é, desde a escravização negra no Brasil, o lugar que a sociedade racista destinou como ocupação prioritária das mulheres negras. Nele, ainda são relativamente poucos os ganhos trabalhistas, sendo que as relações se caracterizam pelo servilismo. Em muitos lugares, as formas de recrutamento são predominantemente neo-escravistas, em que meninas são trazidas do meio rural, sob encomenda, e submetidas a condições sub-humanas.
O descaso e até a omissão pertinentes às doenças de maior incidência na população negra, com expressivas repercussões negativas na saúde reprodutiva das mulheres negras, evidenciam o racismo arraigado na assistência e na pesquisa em saúde, assim como no aparelho formador.
As condições desiguais a que as mulheres negras estão submetidas exigem a adoção de uma perspectiva inclusiva, que se expresse de imediato em medidas compensatórias para a melhoria das condições de vida, a erradicação do racismo, promoção da igualdade e garantia do exercício efetivo da cidadania.
Infância e Adolescência
Prioridade Absoluta?
O Estatuto da Criança e do Adolescente diz:
Art. 15.
A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Art. 18.
É dever de todos (as) velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Art. 53.
A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
Metodologia
Todas as atividades realizadas pelos módulos existentes serão relacionadas aos temas tratados no projeto, de maneira transversal, expositivas e não limitada.
Será realizado um ciclo de formações, capacitações e vivências com a equipe gestora do espaço, para que cada bolsista se familiarize com as temáticas, e possa incorporar a necessidade se tornar um profissional polivalente.
Metas
Realizar formações, capacitações e vivencias durante todo ano de funcionamento;
Formar uma equipe com profissionais capacitados para desenvolver atividades previstas no cronograma da unidade;
Propor revitalização panorâmica dos objetivos políticos do Projeto Pesquisa Casa Brasil, na localidade onde ele funciona.
Construir ações sólidas que possam desencadear parcerias potencializando trabalhos em rede.
Sociabilizar conhecimentos sobre as questões da infância, gênero e orientação afetiva-sexual.
Avaliação
A avaliação deve ser co-participativa, acontecendo de forma processual, diagnóstica e continuada. Aplicando no início do projeto e ao final, questionários que terão seus dados extraídos e posteriormente comparados, demonstrando assim, a influência do projeto.

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Edital de Seleção Agosto de 2009 http://www.scribd.com/doc/18028759/Edital-Selecao-Casa-Brasil-de-Plataforma